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Entrevista com Mara Alfrânia, Miss Coari 1990

Mara Alfrânia

Archipo Góes

Nesse texto vamos narrar a história do Miss Coari 1990 e transcrever a entrevista com a Miss Mara Alfrânia Batista Batalha.

No dia 02 de agosto de 1990, aniversário de emancipação Política de Coari, aconteceu um inesquecível concurso de miss que ficou marcado na lembrança de cada coariense que assistiu aquele concurso na quadra de esporte São José.

A seleção das candidatas foi primorosa, pois foram 7 candidatas de alta índice de beleza plástica, desenvoltura e simpatia, um verdadeiro time dos sonhos de qualquer concurso de misses coarienses: Mara Alfrânia Batista Batalha (Miss Coari), Rosemary Gomes Fogassa (Primeira Princesa), Ângela Sheila Lima Ribeiro (2ª Princesa), Fabiana Raírima da Conceição Gomes (4º Lugar), Belanice Gonçalves Rodrigues (5º lugar), Nalra Milene da Cruz Gonçalves (6º lugar) e Elanes Rebolças Rocha (7º lugar).

A premiação da vencedora foi uma passagem Manaus/Fortaleza/Manaus com direito a acompanhante.

Mara Alfrânia
Mara no “Miss Amazonas 1991” em Itacoatiara

Na década de 80, o público coariense era conhecido por ser um pouco frio e não aplaudir muito as atrações que se apresentavam. Mas naquela noite, o autor viu em foco, toda arquibancada se levantar e aplaudir com orgulho o desfile de apresentação de sua candidata preferida. Mara declarou à impressa com humildade “que ser vitoriosa é saber conviver com um título, sendo a mesma pessoa que sempre foi”.

Em 1991, Mara Alfrânia foi convidada pela organização do Miss Amazonas Estudantil, professor Antônio Carlos Fonseca, Dr. Tibiriçá Holanda e a Sra. Waldeir Holanda, para representar Coari na segunda versão daquele inovador concurso. 14 candidatas, de todo o Amazonas, vieram para o concurso que aconteceu na cidade de Itacoatiara. No corpo de jurados tivemos presença de grandes expressões da moda e concurso de misses, como Célio Said e Fernando Salignac.

As candidatas ficaram confinadas em um hotel de Itacoatiara e participaram de uma agenda muito movimentada com vários encontros e celebrações. Durante a noite, na final do concurso, Mara Alfrânia, sagrou-se a vencedora, trazendo a coroa para Coari.

Com as sucessivas quedas na audiência do Miss Brasil, o SBT, que era a empresa organizadora do concurso nacional, abriu mão do Miss Brasil e da transmissão do Miss Universo em 1990 e isso foi crucial para a não participação do Brasil no Miss Universo em Los Angeles naquele ano, pois não haveria patrocinador oficial.

Ainda no ano de 1991, após o fim da era Silvio Santos na organização do Miss Brasil, o Miss Amazonas ficou indefinido e não houve concurso estadual. Contudo, a coordenação do Miss Amazonas ligou e convidou Mara Alfrânia para representar o Amazonas no Miss Brasil daquele ano. Mas, devido a um sério problema de saúde, ela não pode participar e o Amazonas não enviou candidata ao Miss Brasil 1991.

Mara Alfrânia
Mara Alfrânia no “Miss Coari 1990”

Entrevista com Mara Alfrânia

Quando você decidiu participar de concurso de miss?

Mara Alfrânia: Quando eu era criança ouvia as pessoas falarem para mim — Quando você crescer vai ser Miss Coari — Era os amigos da minha mãe, ou algumas pessoas que não conhecia na época, pois era criança e não tinha ideia do que era ser Miss COARI.
No álbum antigo da minha mãe tem uma foto dela de Miss Tijuca. Também tinha uma foto dela com a Miss Fátima Acris, que eu achava muito bonita, mas não sabia quem era naquela época. Eu ouvia muitas histórias de misses.

Desde então, sempre que a minha mãe deixava eu acompanhava os desfiles da Miss Coari, eu via os concursos de misses na beira do palco. Quase as misses pisavam nos meus dedos de tão perto que eu ficava. Teve um que entrei nos bastidores, esse eu acompanhei de perto, vi tudo: arrumarem os cabelos, maquiagem, um corre-corre. Todas estavam lindas e eu lá no meio da confusão, até eu ver uma candidata pôr a meia calça. Eu disse: — Isso pode? — me colocaram para fora do local.

— Tudo aquilo era um sonho, passarela, coroa, faixa, pessoas aplaudindo, ali eu me vi desfilando e ganhando o título, porque eu queria a coroa, eu queria ser uma Miss Coari.

— Assisti ao concurso do Miss Coari 1989 que aconteceu no clube “Refúgio Dois Pinguins” durante o aniversário de Coari. A minha prima Jan Neves era candidata e eu assisti das mesas, ela ser a vencedora daquele concurso. Foi nesse momento que decidi que um dia eu participaria do Miss Coari.

Quem foi a sua grande inspiração como miss?

Mara Alfrânia: Com certeza as que vi na TV. Vera Fischer, era perfeita. Ela foi Miss Brasil em 1969.

— Mas eu tinha um sinal, ao lado da minha coxa esquerda e eu achava isso um problema. Chorava até — Nunca vou ser Miss. Uma Miss precisa ser perfeita.

— Além disso, eu tinha um dente quebrado. Mas quando vi as Miss de Coari e vi que elas não eram perfeitas. Eu poderia ser uma Miss sim.

— Então passava o dia desfilando em casa no meu quarto. Fui desenhando minhas roupas de Miss. Fui sonhando como toda criança. Mas, em Coari, minha Miss preferida era Ana Mota. Achava ela linda, educada. No concurso dela, eu já era uma mocinha. E as lembranças estão mais vivas na minha memória.

— Coari era cheia de mulheres que não faziam nada para ter um corpo bonito. Elas já nasciam assim.

— Na minha época eu era atleta. Eu corria 14 km todos os dias. Nadava muito e andava de bicicleta. Era louca por esportes. Fiz todos porque já era ligada nos 220 volts. Porém, eu me realizava mesmo era nas passarelas do desfile de moda. Nesses desfiles, eu era mais feliz porque o foco eram as roupas e não eu. Não estava ali sendo julgada e não precisavam avaliar o meu corpo.

Você chegou a fazer algum curso de passarela ou alguém te ensinou?

Mara Alfrânia: No começo, eu aprendi tudo sozinha, imitava as misses da TV.

— Depois teve o Maurício, meu cabeleireiro, que me ensinou. Esqueci o nome do outro agora. Eles foram me moldando para o clássico. Mas isso veio tudo junto com o Miss Coari.

— Até o Hélio Puigcerver aparecer na minha vida e me dar uns toques mais requintados.

Em seguida no Miss Amazonas eu já estava craque. Sabia exatamente como me comportar. Por isso, o título veio sem muito esforço.

Como foram os dias finais do seu concurso de miss Coari?

Mara Alfrânia: Na minha época era tudo simples, apenas ensaios, reuniões para provar maiô, tirar medidas do corpo, reuniões para conversar como ia acontecer o evento.

— O que teve de diferente foram as filmagens que fizemos para passar na TV e convidar o nosso povo coariense a prestigiar o evento, para apresentar as candidatas. Falamos um pouco sobre cada uma de nós.

— Todas as candidatas fizeram um clip e o meu foi estilo Pantanal (A novela de sucesso da Rede Manchete). A personagem era uma mulher que virava uma onça, e assim, aconteceu a minha produção… Como eu queria aquela filmagem, meu Deus! Mas nunca tive uma cópia. Apesar de não ter acontecido entrevista na rádio, mas quando o povo de Coari foi para quadra São José, já foi com suas candidatas em mente para torcer. Eu lembro de pessoas que nunca vi, falarem comigo — Oi Mara Alfrânia, te vi na TV. Teu clip foi legal com a onça.

— Nos últimos dias antes do desfile, me recordo agora, eu ensaiava com a minha parceira Rosemary Fogassa na casa da Socorro Barreto. A Socorro Barreto cuidou da gente, desenhou nossas roupas, nos orientava sobre comportamento – As coisas estão vindo na minha memória agora. — Socorro Barreto estava por trás da gente. Nós nos bronzeamos na casa dela. Passávamos horas rindo. Sabe que eu não olhava ela como concorrente. Só me toquei que estávamos disputando quando pegamos uma na mão da outra já no palco para ver qual de nós era a Miss Coari.

Como foi o relacionamento entre as candidatas do Miss Coari 1990?

Mara Alfrânia: Foi um concurso em que não houve atividades para estimular a amizades entre as candidatas. Os encontros eram mais para os ensaios de passarela, reuniões, experimentar roupas, sorteio para escolher os rapazes que iam acompanhar durante o desfile.

Contudo, eu ganhei uma amiga! A Rosemary Fogassa. Aliás, apenas ela era amigável, e costumava está sempre comigo. As outras eu conhecia todas: Sheila, Fabiana, Nalra, Belanice e Elanes. Algumas não me olhavam direito e até se afastavam de mim.

— Teve candidata que quis ser apresentar com o maiô diferente do padrão. Mas, a organização na hora fez ela trocar e usar o padrão.

— Antes da entrada para o top 2, ainda no camarim, eu estava sentada com a Rosemary Fogassa no chão em cima de toalhas. Pediram para nós duas entrarem. Ela me abraçou muito carinhosamente. As demais candidatas saíram do camarim. Só ficou a Mary e eu, rindo de felicidade. O meu primo Maurício, que foi também o meu cabeleireiro, caiu em choros. Eu fiquei feliz, tranquila. Mas pena que só tinha uma vencedora, porque a Rosemary também merecia. Nós fazíamos tudo juntas, sempre sob as orientações da Socorro Barreto.

Como foi na hora que anunciaram o seu nome como a nova Miss Coari?

Mara Alfrânia: Surreal. Uma realização. Nem quando ganhei o Miss Amazonas eu fiquei tão feliz. Era um sonho de criança. Cresci ouvindo os adultos falarem “você vai ser Miss quando crescer”. Naquela época, eu nem sabia o que era ainda ser Miss Coari. Só depois mais entendida fui saber e amar ser de fato uma Miss. Acho que fui uma boa Miss Coari, porque até hoje as pessoas lembram, me param, me reconhecem, falam de mim, falam coisas boas. Gente que era criança e faz questão de falar comigo, muitas pessoas comentam sobre o meu reinado.

— Mas, teve uma que me emocionou: o Jean Balieiro. Ele veio no meu Facebook uma vez conversar. Já havia lido alguns comentários dele em fotos minhas que você publicava. Até que uma noite, ele deixou um recado para mim. Falando que me viu na feira em Coari. E depois chegou na casa dele e falou: tiaaaa, eu vi a Mara Alfrânia. Ela é linda. Sorridente. Fiquei olhando para ela até ela ir embora, mas não tive coragem de falar com ela.

— A tia dele respondeu: deveria ter falado, a Mara é bonita mesmo. Educada — então ele me falou que da próxima vez que eu fosse em Coari, ele ia falar comigo. E fez. Este tipo de amor não tem preço!

Como foi o seu reinado de Miss Coari?

Mara Alfrânia: Nos anos 90 não havia muitos eventos, mas participei sim de alguns eventos em Coari e fora daqui também. O primeiro foi no Carnaval de Rua, onde fiquei no palco com as autoridades acompanhando o desfile dos blocos carnavalescos. Sempre que aconteciam eventos oficiais da prefeitura no clube “Refúgio Dois Pinguins”, eu era convidada.

— No aniversário de Coari veio uma agência de moda desfilar antes do concurso de Miss Coari, e o responsável que também foi jurado. Roberto Carreira. Eu assisti até o ensaio da agência de modelo e fui me espelhando nas modelos, apesar que a moda tem um estilo diferente de “passarela” do estilo clássico de Miss, porém existe algumas técnicas e um comportamento que toda as candidatas precisam ter, que é a simpatia, desenvoltura, coisas importante para todas. Isso daí para mim foi muito bom ter assistido o ensaio delas. Depois do concurso, o Roberto Carreira, me convidou para participar do Golden Star em Manaus, onde ganhei a premiação de Garota Revelação.

— Em 1990, na II Festa da Banana, eu fui madrinha da Astrid Silva, que foi a rainha daquele ano.

— Depois da minha participação no Evento Golden Star, fui convidada para participar do Miss Amazonas que era coordenado pelo Fernando Salignac.

— Depois de vencer o Miss Amazonas em Itacoatiara, fui convidada para desfilar em Roraima e em Brasília.

Mara Alfrânia
Era 2 de agosto de 1991, aniversário de Coari, a população comemora as festividades de sua emancipação política na quadra de esporte São José. Mara Alfrânia, Miss Coari 1990, termina o seu reinando entregando a coroa, o cetro e o manto para Elionete Ramires, a então eleita Miss Coari 1991.

Coari, 19 de maio de 2023

Leia mais em:
A História do Miss Coari (1940 – 1967)
Como se Preparar para o Miss Coari – 2017
Fátima Acris – 50 Anos de Nossa Primeira Miss Amazonas

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5 comentários em “Entrevista com Mara Alfrânia, Miss Coari 1990”

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  5. Lembro bastante de Mara, menina que sempre emanou uma simpatia incrível e única. Imponente no olhar e no físico. Sempre estava sentada, as vezes no final da tarde, ou até a noite com colegas, no canto da calçada da Rádio de Coari, pois sua residência era ali, bem pertinho, fazendo esquina com Gilberto Mestrinho e Copeá. Parecia que aquele cantinho da rádio era sua “sala de visitas” (rsrs). Realmente ela é inesquecível, inclusive o vídeo do clip dela, para divulgar o desfile, com a música do Balé Indígena da E.N.S.P. de fundo. Como ela bem relatou, faz parte de uma época que as mulheres cosrienses já nasciam e cresciam, simplesmente belas. Muito legal a entrevista. História de Coari.

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